quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Foi a ouvir isto, que escrevi isto.

Depois das fajitas e das margaritas, vi o Pianista no conforto do lar. Revi. Nem sempre decido assim tão rápido o que me apetece ver, mas ontem foi um tiro certeiro. Dedo ante DVD, DVD ante dedo, parei no Pianista. O Polanski é do caraças. Estive arrepiada do início ao fim,  como da primeira vez.  Já disse uma vez que o Piano mexe comigo. Arriscaria até em dizer que tem um efeito erógeno. Aos pois,  também gosto muito de filmes de guerra que datam os anos 20 até aos 40. A barbaridade xenófoba é de fugir, mas eu gosto da temática nazi o que é que posso fazer. Não quero acreditar que é masoquismo. Mas a verdade é que estes filmes dão uma perspectiva certa às coisas, metem os "problemas" no chinelo em menos de nada. Ao nível sociológico, é um desfile de fenómenos. Temática que me interessa bastante. Gostava de ter seguido Psiquiatria, em tempos.
O controlo de massas pelo medo, tal como no filme, é de pôr os cabelos em pé.
Primeiro dizem-nos que vamos entrar em crise. Vai ser preciso controlar custos, em carros, em espaço, coisa pouca. Vamos todos para o mesmo piso para cortar na renda, mas o downsizing é ainda uma miragem (toca a meter os judeus todos num bairro para os gajos não se mexerem muito e mesmo não explicando as coisas eles vão, porque nem fomos agressivos). Depois afinal isto está a ficar mesmo mal por isso toca a fazer parcerias empresariais e cambiar colaboradores, evita pagar indemnizações e ainda conseguimos enganá-los com um “vão para melhor de certeza (vamos deslocar uns quantos para fora da cidade para uns campos quase tão bons como os de férias). Epá agora não há mesmo nada a fazer, não conseguimos pagar ordenados.
O que fica nas entrelinhas? Já sabíamos desde o inicio que isto ia acontecer mas não dissemos nada, com medo de uma possível revolta e boicote ao nosso plano estrategicamente maquiavélico (toca a tirar os sapatinhos porque não tarda nada estão todos a snifar gás que é uma beleza).
Não estamos assim tão longe de ir aos mínimos para ficarmos satisfeitos. Essa é que é essa. Ontem dei por mim a considerar o meu emprego uma coisa positiva porque ao menos consigo pagar a renda... *milhões de reticências e auto-olhares Loser* Eu não tenho filhos nem sou casada nem tenho qualquer tipo de empréstimo para pagar. Essas pessoas sim, podem considerar como positivo o facto de terem dinheiro para pagar contas, pelo menos.
De repente apercebi-me de como mudei ao longo destes últimos anos e como por vezes não me reconheço no que digo. Estou contente porque ao menos posso pagar a renda? WTF! A coragem de outros tempos está apenas adormecida. É mais fácil domar um leão super mauzão do que a Jessica :)




Este é um dos meus pianistas preferidos. Wim Mertens, um belga de 57 anos.

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