segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

a raça masculina, mais coisa menos coisa

abençoada loucura

As crianças são sem sombra de dúvida, melhores que nós. Nós os adultos, chatos nas horas e com falta de perspectiva em quase tudo, parece que quando crescemos, perdemos toda a capacidade de desvalorizar o que não é importante. Se uma criança não gosta de uma pessoa, não está com ela. Se gosta, está sem medos e tretas convencionais, está porque sim. Não tem grande ideia do passado e muito menos do futuro, vive o presente. Tal e qual os monges zen de 70 anos. Engraçado tudo o que vamos desaprendendo. Sentada à mesa com os meus 3 sobrinhos - 2 rapazes, um com 9 outro com 7 e uma catraia de 5 anos com mau feitio - delicei-me com a simplicidade com que vivem. Alguém deu um pum, que eu não ouvi, e partiram-se todos a rir. Contei-lhes que na minha altura, quando queríamos saber quem tinha sido diziamos "quem foi tem as mãos amarelas". Como sabemos, nem sempre era a pessoa que tinha dado que ia ver, mas a curiosidade tem destas coisas.
Não quero entrar num idealismo exagerado, até porque hoje é segunda-feira e estou com um mau humor maior que o habitual. A idade adulta também tem as suas coisas boas. Como o vinho e as casas de strip. Ou então a paciência, que é uma das grandes virtudes da idade, amén. Dizem.
Dançar Hannah Montana na minha sala, num sábado à noite com bolhas de sabão a fazer o decor e hoje estar chateada no escritório, mostra-me claramente a minha falta de perspectiva. Acho que tirando o mau feitio e as birras ocasionais, de criança já só me resta a estupidez.

músicas preferidas de todó sempre | runaway

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

eu tenho momentos

Tenho momentos de uma absoluta destruição mental. Há quem lhe chame de loucura. Eu acho que são momentos só. Consigo mesmo sentir-me cansada de mim própria e chegar a observar-me como faço às pessoas que não gosto. Que são quase todas, porque não gosto muito de pessoas. Há quem lhes chame de acessos também, eu prefiro pensar que são momentos. E porquê? Porque os momentos têm a mística de passar rapidamente sem darmos por eles. Como se o mundo parasse sem ninguém nos avisar e estamos ali virgens de tudo. E pronto, quando tenho os meus momentos, também entro em transe e é uma sorte alguém sobreviver, incluindo eu.
Uma vez lembro-me de olhar para a mão e ter uma data de cabelos loiros na mão. Corta para uma miúda histérica a chorar no chão. Assustei-me porque não sabia o que se tinha passado. Estava tudo a olhar para mim. Quando vejo para a minha Barbie Escritório sem cabeça, o corpo riscado e mutilado atirado na relva, tudo fez sentido e em flashback. A cabra tinha estragado a minha Barbie preferida e ainda estava a fazer birrinha. Andava há semanas a ameaçar fazer aquilo se eu não fizesse parte do grupo dela. Eu achava-as chatas e não queria que fossem minhas amigas.
Enfim, nunca achei justa a suspensão que me deram nem o facto de ter perdido os poucos amigos que tinha na escola. Eu expliquei à professora que era boneca que eu mais gostava, que a gaja loira estava sempre a chatear-me e que no âmbito geral não apreciava muito o ser humano. Ela achou que eu era louca, eu disse-lhe que tinha momentos. Porra, era a Barbie Escritório.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

uma composição sobre elogios

Há uma coisa engraçada nos elogios. É que não sei lidar com eles. Tirando o "oh boa" que respondo "p'ró c*****o", quando me elogiam sinto necessidade em ficar calada por uns minutos. Primeiras, para apreciar correctamente e aos pois para saber o que dizer a seguir. Quando é "tu também" não há problema. Caso contrário há que ter atenção ao ego alheio e preparar uma resposta sincera mas polite. Às vezes isto também me acontece quando gosto de alguém também, tenho alguma necessidade de me afastar para curtir o momento. E eu sou miope, até deveria ser o contrário. Mas é a mais pura das verdades. Gosto muito daquele gostar em que há tranquilidade quando se está longe da outra pessoa. Não é de agora que digo que não gosto muito de pessoas, mas quando se trata de namorados e isso que me dão sexo quando quero, é diferente. Não é o mesmo "longe" que gosto de estar dos outros mortais, a tal distância de segurança ou espaço interpessoal. É um longe "anda cá" :)


Fortunately, I'm Flawless...
see more Lol Celebs

ponho asteristicos porque sou bem-educada

Não tenho absolutamente nada de interessante para contar. Não vou mudar de emprego, não fiz um corte radical que me faz sentir como nova, não vou ter de começar a acordar mais cedo para apanhar a carreira até Santa C**a dos Assobios nem nada. Mas se fossem esses os casos, estaria com certeza com um nózinho na garganta e o estômago às voltas. Ufa. Ainda bem.
O melhor mesmo é estar tudo na mesma, já nos habituámos e coiso. Refilamos quase sempre aos mesmos dias ou até quarta-feira garantidamente, e sabemos que podemos contar com o conforto da infelicidade.
Isso de ser feliz dá muito trabalho. É preciso mudar rotinas, sair da zona de conforto e abraçar o que me parece sempre uma midlife crisis. As repentinas vontades de começar a fazer bungee-jumping, falar mais com as pessoas e os saltinhos de alegria à Singing in the rain. O Woody Allen tem uma cena dessas no Ana e as Irmãs quando descobre que não nem um tumor na carola. Começa a correr desenfreadamente pela rua fora e às páginas tantas tem uma epifania, 'então mas se a morte é a única coisa garantida, não será irrelevante tudo o que acontece até lá?' Wow, não sei :) Mas ainda hoje ouvi um anúncio na rádio que já não me lembra do produto, mas que me soube bem pela fresca, "se só tem uma garantia na vida, mude para bla bla bla e ganhe mais uma!" Ah a magia do sentido de oportunidade. Ou então, ou então, ouvir sobre todas as senhoras mortas há c*****s, o estado miserável do Sporting e a ausência de situação económica do nosso País. Ah Coisa boa. Devia haver claramente um maior rigor na selecção de anúncios à segunda-feira.
Majolhem a infelicidade é que é fixe, é garantida. Ser feliz é radical demais, viver assim no limbo, caramba. Oh pá, ainda bem que sou portuguesa e toco no fundo do poço em menos de nada :)

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

It don't rain in Beverly Hills para a veia

E porque sou de vícios, pancas e obsessões não consigo parar de ouvir a It don't rain in Beverly Hills dos Dean&Britta. Foi a tal série de músicas que fizeram para os screen tests do filme mudo do Andy Warhol. Um génio, fascinante. Toda aquela excentricidade chega quase a ser infantil. Uma desresponsabilização total, com a única missão, de correr atrás da próxima inspiração.
Esta música é dedicada à Edie Sedgwick. Outra que tal. O brilho, a loucura, a beleza, a elegância destravada. Um total desligamento da realidade ao serviço da arte. Não haveria isso de fascinar.

Ouvam ouvam que é bonito (já está aqui no andar debaixo, não carece repetir).

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

the final countdown

E a partir de hoje, despeço-me todos os dias mais um bocadinho do sitio que durante 3 anos ocupou a maior parte do tempo da minha vida. Já não há construção. Aqui. E se as pessoas lá forem estranhas e maquiavélicas? E se gostarem de fazer partidas, como o pionés na cadeira ou a fita-cola no telefone e depois troçarem de mim? Não, aquilo é fixe, aquilo é fixe. É. Fixe.
E já não vou tomar o pequeno-almoço no mesmo café de esquina. Nem comprar cápsulas de café. Muito menos correr o risco de ficar presa no elevador. E os matraquilhos? E OS MATRAQUILHOS? Como é que eu vou jogar matraquilhos agora? Oh bolas. Se calhar tomei a decisão errada. O que é que eu vou fazer na hora de almoço? Almoçar só? Sem.... MATRAQUILHOS depois?
E apercebo-me que quando mudamos valorizamos tudo o que antes tínhamos de bom. Como se, por magia, se traçasse um percurso GPS Memória que masoquistamente seguimos, lembrando a cada ponto o bom que era. Esse, o lugar comum. O "afinal não era assim tão mau" não é, de forma alguma, sinónimo de "afinal era mesmo bom". A mente é um lugar estranho, oh vida malvada.




Nota: Ao menos já sei que isto é a ressaca da mudança (a.k.a. cold feet) e que daqui a 2 semanas vou-me sentir espectacularmente espectacular.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

anger management

Eu não me irrito facilmente, mas:
  • Cerro inconscientemente os dentes quando alguém carrega aleatoriamente nos botões do elevador. Pior, quando querem ir para baixo e carregam no botão para subir (um long shot na previsão do elevador estar em cima e ter de descer, porque quer ir para o -2);
  • A extrema boa disposição pela manhã, seguida de dois beijinhos e perguntas introsivas sobre a minha noite passada, desperta todas as minhas tendências homicidas;
  • Combinarem alguma coisa comigo com todas as certezas e mais algumas - o que implica uma programação da minha vida até ao momento - e depois de já ter cozinhado, arrumado a casa e com as velas acesas sobre a mesa já posta, dizerem que afinal tinham outro jantar;
  • Barulhos inconsequentes de mastigação compulsiva, not good, not good at all;
  • Tal como aos cães, não é seguro roubarem-me comida do prato sem pedir.
Por agora, estas chegam.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

é assim.

Ouvi falar de um filme, um tal de Garden State. Nunca vi e nunca tinha ouvido falar antes. Fui ao IMDb, o trailer deixou-me curiosa. Pesquisei as quotes e umas quantas foram-me directinhas ao sistema límbico. Nada me custou mais até hoje, que o dia em que tive de tirar tudo de casa dos meus pais. Na altura decidi não sentir tudo de uma vez só, reparti o sentimento de perda pelos meses que se seguiram. O choque inicial é forte, mas insignificante comparado ao cair da realidade. Sai de casa antes que me dissessem para sair. Como se pressentisse que aquela casa não iria viver muito mais tempo.
Porque essa casa deixou de existir, a casa onde estivemos todos. Ninguém morreu, a casa não chegou a ficar mais vazia sequer. Quebrou-se a ligação. Primeiro entre o meu irmão e nós, depois entre os meus pais, e por fim com a casa. Já não tenho sítio para voltar se tudo correr mal. Tenho duas novas casas, que não conheço, que não me dizem nada. As pessoas até podem fazer as casas e posso dizer a casa do meu pai e a casa da minha mãe, mas nunca a nossa casa. E hoje, quando olho para as minhas coisas na minha casa alugada, sinto-me cigana.
"You know that point in your life when you realize the house you grew up in isn't really your home anymore? All of a sudden even though you have some place where you put your shit, that idea of home is gone."

 

 

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

comentários ao jogo

- É sempre um prazer ver o Villas-Boas.
- Tenho saudades do meu Sporting.
- Ouvi adeptos do Benfica gritarem "foda-se Regionalização é que era". Perdi algumas tentativas de remate por causa desta. Porquê regionalização? Teríamos uma Taça do Norte outra do Sul, eventualmente Centro e nunca nos cruzávamos com o Porto? Fui eu que não percebi com certeza.
- Gosto menos do Porto do que qualquer outro clube e os gajos do Benfica são fixes para o bem-bom. Feios, porcos e maus.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

a Jessica gosta disto

don't you, forget about me

Estava mesmo agora a escrever um briefing porque trabalho numa agência de publicidade e é isso que nós os accounts *vómitos incontroláveis* fazemos. Isso e forward de e-mails. Em dias especiais chamamos estafetas ou nem isso, mandamos a recepcionista chamar e só escrevemos o nome do remetente e destinatário. O que me lembra os tempos de escola e as cartas para os amigos nas férias grandes. É infantil, mas é a defesa do meu inconsciente para aguentar o dia-a-dia num escritório como todos os outros.
Posto isto, interrompi o meu dever porque senti uma súbita necessidade de escrever, sobre pintura. Por esta altura já é mais do que óbvio que essa é de facto a minha paixão, a minha joie de vivre (nota: agora que me ando a armar que posso fazer disto vida, é imprescindivel usar este tipo de expressões arrogantes e pretenciosas, comprar uma boina e falar ainda mais com as mãos). E dá trabalho, muito. Ainda mais quando durante o dia tenho de fingir que gosto do que faço. E isso é desgastante. Um óptimo exercício de representação e de certa forma criativo, mas desgastante. Alguns sabem disto, infelizmente. Ou então, vendo o copo meio cheio até gosto, porque me permite pagar a renda e as quantidades exorbitantes de putas e vinho verde de que necessito diariamente. Se calhar putas não. Mas não consigo dizer vinho verde sem dizer putas. E a verdade é que eu nem bebo assim tanto vinho verde. Err.
Dá-me umas ganas de agarrar nos pincéis e não deixar fugir a inspiração do momento. Quem acha que percebe alguma coisa de inspiração, como eu, pensa que é volátil e efémera. Por isso é preciso agarrar a gaja logo. Se calhar com treino, a segurança cresce e este estado de alerta acalma. Tem de acalmar. Não me quero tornar obcecada com a minha expressão (reminder: utilizar palavras pretenciosas e frases semi-profundas). Com tintas a sair dos bolsos e pincéis cravados no cabelo. Nem tenho cabelo para isso. Até porque sei que se tiver tintas comigo não resisto e mesmo sabendo que as pessoas desculpam os malucos, não queria fomentar os vipes e começar a pintar a casa de banho ou rasgar as revistas da sala de espera do dentista.
Como agora não posso pintar, sinto-me ligeiramente aliviada em falar nisso. Como se este miminho fizesse pintura gostar mais de mim e não me esquecesse pelo menos até logo à noite.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

sultry

Eu não percebo nada disto. Isto da sedução e da atracção incontrolável. Mas a Madonna percebe. Quando era mais xabála, eu e não a Madonna, sonhei com este videoclip.
Entrava neste corredor, exactamente este corredor, com esta mesma lentidão. Andava um bocadinho e parava à frente de um quarto com uma cortina. A cortina não tapava tudo, no cantinho assim de esguelha, dava para ver lá para dentro. E lá estava ela, deitada numa marquesa com lingerie preta e roupão branco de seda. Eu afastava a cortina, devagar e ela ficava a olhar fixamente para mim. E eu, eu sabia que não devia e trincava o lábio para resistir. E ela continuava a olhar fixamente. Aquilo durava uns minutos (em tempo de sonho). No fim, do que me lembro claro, ao estilo pack shot, estava em cima de mim a centímetros dos meus lábios. E eu acordava.






Poor is the man whose pleasures depend on the permission of others.