As amigas, essas que gostam do relato diário, podiam deixar de ligar tanto se eu alinhasse no status actualizado ao estilo Big Brother. Mas eu não faço questão que a Ana Maria do Liceu saiba em directo como correu o último jantar à luz das velas ou se acordei deprimida. Uma coisa é certa e quando assim é, é preciso dar a mão à palmatória. O Facebook trouxe-me uma coisa espectacular, é que agora dou muito mais vezes os Parabéns no dia certo. Aliás, dou muito mais vezes os Parabéns.
E por isso, é que a Amizade com "A" grande, é do caraças. Quem tem a sorte de ter amigos de infância ou ainda mais sorte em ter feito amigos verdadeiros já mais entradote - que é bem mais difícil - não os devia trocar por nada. Aqueles que fazem questão de chafurdar colectivamente na desgraça, quando se está mais triste. Ou que vibram com o sucesso alheio "O quê conseguiste um emprego já? Boa, fico mesmo feliz. Agora não te esqueças de mim. Tenho a renda em atraso e a senhoria não pára de ligar. Porra que a velha já nem com favores sexuais vai lá". Isto é que é. Não há egoísmo que alimente amizade, essa é que é essa.
O que me faz sempre lembrar o lema (que se diz nas clínicas de desentoxicação, vi num filme e ficou gravado), "se achas que estás preparado para uma relação, tenta manter uma planta viva por mais de um ano. Depois disso escolhe um animal doméstico e tenta mantê-lo durante um ano também. E depois talvez estejas pronto para em relação." Faz algum sentido, no primeiro ano de ressaca emocional, tal como a planta, regamo-nos de líquidos, álcool precisamente. Depois sim começamos a aceitar um biscoito aqui e ali e a deixar que nos passeiem.
Sempre vi este "lema" como extensível a todo o tipo de relação, não só à destruição por vícios químicos. Há um paralelismo com o egoísmo e a solidão extrema. No man is an island, por isso toca de cuidar do que vale a pena.
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