quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Snooze. Snooze. Snooze.

Eu não tenho um bom acordar. Sei disto porque já me disseram algumas vezes. Não gosto muito de falar de manhã, nem comigo própria. Declaro morte cerebral na primeira hora e normalmente só ressuscito ao primeiro café, ou depois do pequeno almoço. No entanto percebi que pode haver outra maneira de dar a volta, se me acordarem com uma catrefada de elogios e alternar com miminhos. Elogios-Miminhos-Elogios-Miminhos-Elogios-Miminhos. Por uns 20min. Continuo a precisar do café, mas depois deste exercício já consigo pelo menos grunhir. A verdade é que isto não aconteceu assim tantas vezes, mas acredito que um dia vai fazer parte da minha rotina.
Uma vez perguntaram-me se sabia porque é que isto acontecia. Uma vez respondi que não gostava de ser retirada abruptamente dos meus sonhos. É cruel. Existe a remota possibilidade de não lidar bem com a realidade. Sim, existe. É um bocadinho o efeito Alice. Com uma dose moderada do real aqui e ali, o mundo fica muito mais interessante. O contrário não tem piada nenhuma.
E isto de repente pode tornar-se um post sério. É que ontem estive com uma amiga, com quem já não estava há algum tempo, que é polaca e viveu em Londres muitos anos e que me disse umas quantas coisas. A mãe dela acredita em out-of-body experiences. Pois. E esta minha amiga como polaca que se preze, pragmática como manda a lei, mas com um sentido de humor invejável, descreveu-me um telefonema com a mãe. Ligou-lhe do nada e disse "You have to have an out-of-body experience". Ela respondeu "C'mon mum, what the fuck is that? It's me, I don't like that Guru shit". E continuaram a falar por mais algum tempo, afinal de contas são mulheres ao telefone, mas o resto já não interessa. O que ela conta (fiquei indecisa entre esta e "reza a lenda", mas vá) tirou dai, foi a possibilidade de aplicar a sua versão de out-of-body experience, numa situação que a estava a incomodar na altura. Disse-me, em inglês, mas escrevo em português agora, "sempre que me sinto às voltas e voltas e parece que não saio do mesmo sítio, tento sair de mim (not in a Guru way) e pensar o que faria se não estivesse dentro da gaiola." Seguido de "Oh shit, I just had a Guru-eureka-kind-of-shit. Shoot me, shoot me now." Ela é engraçada. Enquanto dizia isto gesticulava e imitava na perfeição a cena da casa de banho do Psycho. Não sendo uma novidade para a maior parte de vós, não é tão fácil como parece porque há sempre o Lado Negro da Força que nos puxa para remoer e remoer. Mesmo assim é um exercício que recomendo vivamente.
Por exemplo, sempre que venho para o escritório - que não gosto - tento pensar que trabalho num atelier e que somos todos artistas e as conversas são tão interessantes que chega a ser absurdo. Ah e que o café é grátis. Porque já nem isso é.


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