Tenho momentos de uma absoluta destruição mental. Há quem lhe chame de loucura. Eu acho que são momentos só. Consigo mesmo sentir-me cansada de mim própria e chegar a observar-me como faço às pessoas que não gosto. Que são quase todas, porque não gosto muito de pessoas. Há quem lhes chame de acessos também, eu prefiro pensar que são momentos. E porquê? Porque os momentos têm a mística de passar rapidamente sem darmos por eles. Como se o mundo parasse sem ninguém nos avisar e estamos ali virgens de tudo. E pronto, quando tenho os meus momentos, também entro em transe e é uma sorte alguém sobreviver, incluindo eu.
Uma vez lembro-me de olhar para a mão e ter uma data de cabelos loiros na mão. Corta para uma miúda histérica a chorar no chão. Assustei-me porque não sabia o que se tinha passado. Estava tudo a olhar para mim. Quando vejo para a minha Barbie Escritório sem cabeça, o corpo riscado e mutilado atirado na relva, tudo fez sentido e em flashback. A cabra tinha estragado a minha Barbie preferida e ainda estava a fazer birrinha. Andava há semanas a ameaçar fazer aquilo se eu não fizesse parte do grupo dela. Eu achava-as chatas e não queria que fossem minhas amigas.
Enfim, nunca achei justa a suspensão que me deram nem o facto de ter perdido os poucos amigos que tinha na escola. Eu expliquei à professora que era boneca que eu mais gostava, que a gaja loira estava sempre a chatear-me e que no âmbito geral não apreciava muito o ser humano. Ela achou que eu era louca, eu disse-lhe que tinha momentos. Porra, era a Barbie Escritório.
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