sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

é assim.

Ouvi falar de um filme, um tal de Garden State. Nunca vi e nunca tinha ouvido falar antes. Fui ao IMDb, o trailer deixou-me curiosa. Pesquisei as quotes e umas quantas foram-me directinhas ao sistema límbico. Nada me custou mais até hoje, que o dia em que tive de tirar tudo de casa dos meus pais. Na altura decidi não sentir tudo de uma vez só, reparti o sentimento de perda pelos meses que se seguiram. O choque inicial é forte, mas insignificante comparado ao cair da realidade. Sai de casa antes que me dissessem para sair. Como se pressentisse que aquela casa não iria viver muito mais tempo.
Porque essa casa deixou de existir, a casa onde estivemos todos. Ninguém morreu, a casa não chegou a ficar mais vazia sequer. Quebrou-se a ligação. Primeiro entre o meu irmão e nós, depois entre os meus pais, e por fim com a casa. Já não tenho sítio para voltar se tudo correr mal. Tenho duas novas casas, que não conheço, que não me dizem nada. As pessoas até podem fazer as casas e posso dizer a casa do meu pai e a casa da minha mãe, mas nunca a nossa casa. E hoje, quando olho para as minhas coisas na minha casa alugada, sinto-me cigana.
"You know that point in your life when you realize the house you grew up in isn't really your home anymore? All of a sudden even though you have some place where you put your shit, that idea of home is gone."

 

 

3 comentários:

  1. Merda. Estou a passar por isso agora.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. :/ Posso-te dizer que melhora com o tempo. Passei o inicio há uns anos, agora é o rescaldo a fase da trouxa sem paradeiro. Tal como essa foi a tua realidade durante anos criarás outra e como tudo acabas por te habituar. E se calhar daqui a outros anos olhas para essa nova com a mesma saudade que olhaste em tempos para a primeira. Só é difícil o inicio do ciclo, acho. É talvez uma das melhores características de sermos humanos, a capacidade de adaptação. Não posso dizer que fico contente por te identificares, mas sei que é bom quando sentimos que não somos os únicos. E também não posso dizer que sei muito disto, porque afinal das contas, sou cigana. Força :)

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