quarta-feira, 2 de março de 2011

esta geração não tem espírito de sacrifício

O assunto não é novo, há quem cante e organize até manif's à volta dele. Falava hoje ao almoço da situação de desemprego de amigos mais chegados e algumas histórias de sucesso profissional. Realmente existem os estágios não remunerados, os trabalhos mal pagos e a ausência de horários. Penso que em menor número do que hoje em dia, mas sempre existiram situações dessas. As razões variavam provavelmente entre um azar do caraças e os preguiçosos que se deixavam arrastar sem ambição.
Quem não pode escolher o curso que quer e tem de colar selos o dia todo, porque já o pai e o avô e geração em diante o faziam, não é o problema. Se estiver feliz a colar selos, tem uma sorte dos diabos. O problema existe, se for ambicioso. Nós por cá, bolsas de estudo é para quem pode ou para quem está disposto a esperar sentado. Se quiser estudar e trabalhar em Lisboa, tem aquele programa fantástico do Porta 65. Com um processo de recrutamento exemplar, burocracia à maneira e mais umas quantas pérolas no atendimento. Tão bom, tão bom que desisti a meio.

E mesmo que não queira, e olhem que estive todo o parágrafo em cima a evitar este, não resisto em falar de como são as coisas "lá fora". É que basta dar um pulinho à Holanda vá, para deslumbrar uma catrefada de bolsas e projectos com o apoio do Estado para os jovens. Para não falar da Alemanha e das ajudas de custo a mães-solteiras que querem estudar, por exemplo. Podíamos seguir estes exemplos e fazer um programa "Vá para Fora cá dentro" aplicado ao Ensino e não ao Turismo. Como que um simulador profissional ao invés da Expo Emprego ali do Parque das Nações. Fingíamos que existiam bolsas de jeito em Coimbra que seria como que uma Amesterdão. Para ir a Londres estudar música, bastava apanhar o comboio para Oeiras (toda a gente sabe que as boas bandas de garagem nascem quase todas em Oeiras). Um estágio em Almada seria tal e qual viver em Sarajevo. E por aí afora.

Portantos que uma oportunidade dada a uma pessoa que queria ser outra coisa, é provavelmente mais valorizada que o curso de Gestão que o senhor director do Banco XPTO dá ao seu filho. Filho este que quererá fazer Erasmus no Brasil e usar o Leonardo Da Vinci para estagiar em Milão ou Londres. Os pais valorizam a experiência de vida, os filhos as caipirinhas e os bailes funk. Entretanto fez os 3 anos de curso e com uma grande vontade de aprender, faz mais um para ser Mestre e mais uns 2 para ter uma pós-graduação. Com isto já cantam uns 27 aninhos e a comida na mesa todas as noites que a rica mãezinha lhe prepara porque "coitadinho" estuda tanto. E trabalhar? Para ganhar algum brio, quem sabe. Épá não, tinha de ser um part-time e quem serve à mesa é a Maria lá em casa. E sai mais um Principezinho.

Moral da história: Não custa afectar quem não merece, os que gostam de trabalhar e que fazem para manter a sua independência é que sofrem os danos colaterais desta molenguice.

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